Os paradoxos do varejo online
E-commerce no Brasil é um assunto sagrado. Os mais “entendidos” apregoam a revolução proporcionada pela internet, o potencial imenso do comércio eletrônico no Brasil e as maravilhas digitais.
Comércio eletrônico no Brasil
Os mais conservadores garantem que ele, no Brasil, ainda é uma criança de dois anos de idade e torcem o nariz às previsões mais otimistas.
Confesso que estou mais para conservador. É bem verdade que bom senso não faz mal a ninguém. Por isso, resolvemos ir a fundo na questão para não cairmos na tentação de sermos apenas mais um papagaio de pirata.
A partir de uma parceria com a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico www.camara-e.net, criamos um pensamento racional para estudar o volume negociado mensalmente pelo varejo na internet. Essa rotina, que envolve desde análise macroeconômica a relatórios mensais dos principais jogadores, gerou um indicador, o VOL (Varejo Online), que aponta o movimento mensal do varejo online.
Como funciona o comércio eletrônico?
Peguei uma informação do passado e para nossa surpresa, o VOL de setembro de 2002 foi de 471 milhões de reais. Impressionante, ainda mais se considerarmos a conjuntura política-econômica instável que se encontrava no Brasil naquele período. Porém, vamos aos fatos: desse total naquele período, 78,7% representava o volume negociado por montadoras e concessionárias de veículos. Repare bem nas porcentagens e valores do passado e continue lendo para entender a realidade em 2021.
Cabe então uma explicação: entendemos e-commerce como uma transação pela internet, envolvendo desde consulta até a compra e liquidação da operação por cartão de crédito, transferência eletrônica, boleto online ou depósito identificado. Vale ressaltar que isso não acontece no caso da maioria das compras de veículos. Ocorre que uma vez na concessionária, o cliente compra o auto pela Web, mas liquida a operação in loco. Isso quer dizer que o varejo foi feito online, mas o comércio não. É por isso que chamamos o índice de VOL e não de ECOL.
Vale dizer que o e-commerce online, feito de artigos de informática em geral, eletroeletrônicos, livros, flores, alimentos, brinquedos, presentes, etc..., foi de 100 milhões de reais em setembro de 2002. Assim sendo, podemos estimar grosseiramente um valor anual médio de 1,5 bilhão de reais, valorizando demais o crescimento natural de Natal e final de ano.
Mais a informação é de 2002 qual a utilidade pós pandemia 2020?
O comércio eletrônico pode acreditar ele sempre vai crescer e cada vez mais expandir. E você precisa esta preparado para isso, pois quando passar a pandemia o mundo normaliza junto. Claro que teremos países com dividas, mas pode acreditar a compra física ou virtual não vai parar.
E é aí que afirmo que o e-commerce no Brasil, quando comparado ao comércio em geral, ainda é um potencial reprimido, tal qual acesso à internet e TV a cabo.
O e-commerce, no Brasil, não foi um boom, nem uma revolução. Tem sido sim uma evolução constante e crescente, sólida, pautada no contínuo aculturamento e busca de aumento do valor médio de compra dos atuais consumidores online. Os 2,5 milhões que pagaram o preço da inexperiência dos varejistas e na transformação de usuários de internet em novos consumidores online, a tal da inclusão comercial, um potencial de quase 10 milhões de brasileiros.
Comércio eletrônico crescimento
Os Estados Unidos, já em 1994, quando a internet comercial apareceu de fato, tinham todas as condições de ter o boom digital, uma vez que as questões básicas do comércio eletrônico já estavam bem resolvidas há tempos, dentre elas: integração regional, logística adequada, cultura de compras remotas desde a venda por catálogos da época da corrida do ouro.
Acesso a crédito e a instrumentos de crédito, como cartões, alta penetração de PCs em residências e escritórios, maciça penetração de telefones, condições de identificar e punir casos de fraudes e invasões, enfim tudo que era necessário para que o e-commerce caísse como uma luva na forma americana de consumo.
Comércio eletrônico na pandemia
Na outra ponta, o Brasil, absolutamente mal resolvido em todas as questões acima, não podia mesmo ter um boom de comércio eletrônico, tanto é que a internet grátis pouco contribuiu para o aumento real de usuários.
Inclusão empresarial e digital, acredito que são pautas quentíssimas na agenda do nosso próximo presidente. Analisando em retrospectiva, talvez tenha sido melhor assim. Coube aos desbravadores pagarem o preço da vanguarda.
Uns erraram feio, mas a grande maioria simplesmente errou porque tinha de errar mesmo, como em qualquer atividade nova, sem nenhum comparativo ou benchmarking. Melhor porque não sofremos nem um milionésimo a depressão pontocom resultante da euforia exagerada e da tal bolha que se transformou a economia americana, refletida principalmente nos fechamentos da Nasdaq.
Comércio eletrônico resumo
Para esse ano de 2021, como nos próximos, teremos um Natal online elegante. Nem gordo, porque como vimos não há como ter boom digital no Brasil nesse momento em alguns setores (ainda por cima com a conjuntura atual longe de ajudar), nem magro, porque o e-commerce no Brasil vem crescendo sólida e constantemente. Posso afirmar estamos bem para desfilarmos em qualquer passarela virtual do mundo com grandes profissionais.
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